HÍFEN APÓS O PREFIXO PAN
O prefixo pan- provém de igual palavra grega pan (forma neutra do adjetivo pâs) que quer dizer todo, toda, tudo. Não se deve confundir com Pan (ou Pã), deus dos rebanhos e dos pastores, segundo a mitologia grega, que costumava assustar os homens com suas bruscas aparições, dando origem à expressão terror pânico, ou simplesmente pânico pela substantivação do adjetivo.
Quando anteposto a um vocábulo com existência independente, o prefixo pan- amplia-lhe o significado em toda a sua extensão e abrangência. Assim, por exemplo, quando dizemos pan-hipopituitarismo, queremos traduzir uma insuficiência global da hipófise, abrangendo todas as suas funções endócrinas.
Quanto a usar ou não usar hífen após o prefixo pan- constitui dúvida freqüente em linguagem médica.
De acordo com as instruções da Academia Brasileira de Letras, vigentes desde 1943, deve-se usar hífen sempre que ao prefixo pan- seguir-se palavra iniciada por vogal ou h. Os exemplos citados são pan-asiático e pan-helenismo. Com esta regra busca-se, aparentemente, evitar a pronúncia incorreta de pa-na-siático e pa-nhe-lenismo. [1]
O VocabulárioOrtográfico da Academia Brasileira de Letras estendeu o uso do hífen após o prefixo pan- também às palavras iniciadas por m, n, b ou p, possivelmente atendendo ao fato de que é estranho à língua portuguesa o emprego de n antes de m,b ou p, e a fim de evitar-se duplicação de consoante no caso da letra n. Em relação às demais consoantes proscreveu o uso do hífen, por desnecessário.
Cumpre observar que, em alguns compostos com elementos iniciados por vogal, existe a tendência fonética de aglutinação do prefixo pan com a vogal seguinte. O próprio Vocabulário já citado abre exceções à regra para algumas palavras iniciadas por vogal, como panarmônico, panestésico, paniconografia, ou admite as duas modalidades (com e sem hífen) como em panarterite (pan-arterite), panartrite (pan-artrite) e panatrofia (pan-atrofia)..
Obedecendo-se, portanto, às normas em vigor, devemos escrever:
pan-osteíte, pan-hepático, pan-mastite, pan-blástico, pan-psiquismo; escreveremos, no entanto, pancitopenia, pandermite, pangenético, panleucopenia, pansexual, pansinusite, panzootia.
Em relação
à panoftalmia e seus cognatos (panoftálmico, panoftalmite,
panoftalmítico), que aparecem com hífen no citado Vocabulário,
a pronúncia corrente entre os oftalmologistas não é
de molde e manter a individualidade fonética do prefixo pan.
Tais termos devem constituir, igualmente, exceção à
norma, como se encontra nos léxicos de Silveira Bueno [2], J.P.
Machado [3], Aulete Garcia [4] e Michaelis [5]. Os dicionários de
Aurélio Ferreira [6] e de Houaiss [7], todavia, registram somente
panoftalmite
e panoftalmítico, ambos os termos com hífen.
Referências bibliográficas
1. ACADEMIA BRASILEIRA DE
LETRAS - Vocabulário ortográfico da língua portuguesa,
3a. ed. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1999.
2. BUENO, F.S. - Grande dicionário etimológico-prosódico
da língua portuguesa. São Paulo, Ed. Saraiva, 1963.3.
MACHADO,
J.P. - Dicionário onomástico etimológico da língua
portuguesa, Ed. Confluência, s/d.
4. AULETE, F.J.C., GARCIA, H. - Dicionário contemporâneo
da língua portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1980.
5. MICHAELIS - Moderno dicionário da língua
portuguesa. São Paulo, Cia. Melhoramentos, 1998.
6. FERREIRA, A.B.H. - Novo dicionário da língua
portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1999.
7. HOUAISS, A., VILLAR, M.S. – Dicionário Houaiss
da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001
Reproduzido do livro Linguagem Médica, 3a. ed., da AB Editora e Distribuidora de Livros Ltda.
Autor: Joffre M. de Rezende. Maiores informações pelo tel. (62) 212-8622 ou e-mail
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Atualizado em 10/09/2004.
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